A última rua em que eu andei
Era um espelho meu
Vi um fantasma ali
Tentando refazer
A ultima vez, o ultimo ano,
O último refrão
E enfim fugir de mim,
Mesmo que em vão
A sensação de ver tudo girar
Me faz lembrar de quando eu caí do céu
O peso nas costas ao tentar se levantar
Um tiro no escuro, a luz que rasga o véu
-Essa é a sensação que fica depois de anos jogados no triturador
-O desconfortável comodismo de crescer em meio aos monstros é a morfina feita da própria dor
Difícil respirar
Com a corda bloqueando o ar
Difícil alcançar
O teto, a cadeira ou o chão
Me reencontrar com o perdido Eu
E atormentar o abismo que me concebeu
Entrelaçar os dedos entre os medos que eu já vivi
Me faz perder a fé lembrar de quando eu caí
Tropeçar no nada fere a cada dia mais
Cada degrau da escada há uma placa "aqui jaz..."
-Impossível me encontrar sem perder tudo que eu sou ou que eu quero ser
-Dentro do bolso da minha camisa
Qual a distância segura pra acertar
Um alvo que não para de se mexer?
Enxergo só o que eu não devo ver
Me cego aos meus próprios olhos
Faço o que não devo fazer
Me sinto só
O peso de estar vivo,
Ter que continuar
Me faz cair por terra
Quando eu devia voar (e eu caio)
Fingir por mais um dia
Que o vaso se quebrou
O arrepio que o vento traz
Das palavras que ninguém falou
É o desespero que aperta
Os ossos
E me faz sentar nessa cadeira
Onde é sempre cedo
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